Râguebi de sevens: "Gripe" espanhola esfria sonho olímpico

A derrota inicial desta manhã frente à Espanha, no derradeiro dia do torneio de Moscovo, 1.ª etapa do Grand Prix de sevens não foi atenuada pelos claros triunfos diante Gales e Alemanha, que valeram a conquista da Plate. É que a qualificação para os Jogos Olímpicos 2016 ficou mais longe...
Publicado a
Atualizado a

Tal como os interruptores, também esta irregular seleção nacional de sevens tem dias em que está "para cima" (sábado foi um deles ao realizar três exibições de mão cheia coroadas com triunfos indiscutíveis) e outros em que surge surpreendentemente "para baixo".

E até no mesmo dia isso acontece, como foi o caso deste domingo, em Moscovo, no qual os Lobos foram derrotados logo na partida inaugural por uma Espanha pouco mais que combativa (que perdera bem, no sábado, com Alemanha e Rússia, e ao contrário de Portugal, nem participa no circuito mundial da World Rugby) para ressurgir depois, e com duas boas exibições diante País de Gales e Alemanha, levar tudo à sua frente até à conquista da Plate, quedando-se no entanto num modesto 5.º lugar final.

Com sol, boa temperatura e no desgastado e cheio de peladas relvado sintético do North Sport Complex Luzhniki, a equipa de Pedro Netto iniciou o dia perante "nuestros hermanos" sem os lesionados Carl Murray (joelho) e Duarte Moreira (pé), e desde o passo doble inicial - é desta forma sonora e taurina que são assinalados os pontapés de saída das duas partes dos encontros! - que os Lobos acamparam na área contrária. Mas sem conseguirem capitalizar várias faltas espanholas, acabariam por sofrer, em contra-ataque, um ensaio por Marcos Poggi (0-5).

Mas a resposta nacional seria em grande estilo. Calma e confiante, a equipa construiu um trabalho coletivo de excelência, com fixação de adversários e passes de compêndio com José Maria Vareta a surgir na ponta para virar o resultado (7-5). Olé!

O pior viria no 2.º período, pois com Adérito esquecido pelos companheiros e Nuno Sousa Guedes falto da habitual magia, os Lobos seriam impotentes para evitar os espanhóis tomarem conta do jogo e marcar por duas vezes (Tudela e Hernandez), até a uns inalcançáveis 15-7. Adérito ainda reduziria já bem para lá do toque final da sirene, mas nem isso evitou o surpreendente desaire por 15-14 que atirava com Portugal para fora da discussão dos 4 primeiros lugares - e, como é evidente, também do título em Moscovo.

A lamber as feridas da eliminação, a seguir a seleção nacional defrontou Gales (12.º nas World Series e que nos venceu em três ocasiões na temporada) e nem deu para os galeses perceberem o que lhes estava a cair em cima.

Logo aos 17 segundos José Maria Vareta captou a oval à saída de um ruck e abria o marcador seguindo-se, até ao intervalo, ensaios de Sousa Guedes (belo como um bailado do Bolshoi) e Adérito (o seu 7.º na etapa, todo pujança, determinação e força a fazer gato-sapato de 3 adversários), para 21-0.

Na 2.ª parte José Lima estrear-se-ia a marcar na capital russa - pouco depois repetiria a dose - e após toque de meta galês, um derradeiro ensaio de Bernardo Seara Cardoso fechou as contas em esclarecedores 42-7.

Na final da Plate, Portugal teve pela frente a Alemanha que até marcaria primeiro num contra-ataque no qual faltou apoio a Lima e Vareta que placaram um germânico, mas já não surgiu ninguém para cobrir o recetor do passe. Contudo, a resposta portuguesa seria de grande nível, com José Lima (placagem agressiva permitiu recuperação da oval por Vareta que a transmitiu de imediato para uma corrida de 80 metros) e João Lino (a concluir bela iniciativa encetada por Seara Cardoso) a materializarem a reviravolta para 14-7 ao intervalo.

O 2.º tempo teve apenas um sentido face a alemães mais derrotados e cabisbaixos que na batalha de Estalinegrado e os ensaios de Lino, Adérito e do entrado David Mateus fecharam com chave de ouro para claros 35-7.

Nesta final Portugal alinhou com: João Lino (David Mateus), Seara Cardoso (Foro), Diogo Miranda (cap.); Nuno Sousa Guedes, José Maria Vareta; José Lima (Belo) e Adérito Esteves.

Individualmente destaques para Adérito Esteves (com 7 ensaios, foi o 2.º melhor marcador da prova atrás do gaulês Julien Candelon, 8) e Nuno Sousa Guedes, autor de 57 pontos (3 ensaios e 21 conversões, algumas bem difíceis) só ultrapassado pelos 76 do capitão francês Terry Bouhraoua.

Esta etapa inaugural do Grand Prix foi conquistada pela França que na final bateu a equipa da casa, por concludentes 40-17. O jogo decisivo foi disputado pelas duas melhores seleções presentes em Moscovo, mas os gauleses (11.º lugar nas World Series) mostraram ser os principais candidatos ao lugar europeu nos JO do Rio de Janeiro 2016, e dominaram a prova de fio a pavio, tendo apontado, em 6 jogos, a enormidade de 231 pontos e sofrido apenas 17, precisamente os conseguidos pelos russos na final.

Classificação dos primeiros após esta 1.ª etapa: França, 20 pontos; Rússia, 18; Espanha, 16; Inglaterra (que não conta para a qualificação), 14; Portugal, 12; Alemanha, 10; e Geórgia, 8.

A 2.ª etapa do Grand Prix disputa-se no próximo fim-de-semana, na cidade francesa de Lyon.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt